Comportamentos Naturais e Bem-estar
- Marina Pagliai F. da Luz
- 17 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Conhecer os comportamentos e necessidades dos equinos é essencial para gerenciar adequadamente o ambiente de criação, fornecendo o que o animal realmente precisa. A falta de conhecimento leva à negligências e estas, por sua vez, influenciam o estado de bem-estar do animal - em diferentes graus e intensidades. O ambiente doméstico pode restringir o bem-estar animal de várias formas e, no caso dos equinos, as consequências são até maiores quando comparado aos outros animais de produção, visto a longevidade e função do animal no contexto doméstico. A grande questão não é necessariamente o tipo de criação e sim como ela é manejada. Toda criação vai ter os seus prós e contras, mas é a forma como ela é gerenciada que faz toda a diferença.
Cavalos criados em sistemas mais intensivos e restritivos possuem desafios como isolamento, ociosidade e alterações nos hábitos alimentares. Mas esse sistema também apresenta aspectos positivos. Em locais que possuem um inverno rigoroso por exemplo, cavalos mantidos em cocheiras tem mais facilidade de manter sua homeostase térmica. Além disso, normalmente esses animais possuem um contato cotidiano mais frequente com as pessoas, o que facilita a identificação rápida de problemas na saúde do animal.
Já no sistema extensivo, também podemos citar prós e contras. Cavalos mantidos exclusivamente em grupo e em pastos possuem suas necessidades sociais supridas, tem espaço para expressar um grande repertório comportamental, são menos ociosos e tendem a não desenvolver estereotipias. No entanto, esses animais normalmente estão mais expostos as alterações climáticas e também a acidentes e injúrias.
Cavalos sem aparente alteração comportamental, podem estar em pior condição de bem-estar do que cavalos que exibem estereotipia. Estereotipias, apesar de trazerem consequências para a saúde do animal, apresentam-se como estratégias comportamentais que os animais acabam desenvolvendo para lidar com o estresse e se adaptar a uma dada situação incomum ou restritiva. Portanto, em tese, aqueles que apresentam esses vícios acabam sendo mais adaptáveis do que aqueles que não desenvolvem tais hábitos. Mais importante do que inferir comportamentos dos equinos, seria inferir as possibilidades de escolhas que esses indivíduos apresentam no sistema de criação. A possibilidade de escolher fornece ao animal a liberdade dele mesmo procurar o recurso que, no momento, é importante para manter o seu bem-estar.


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